domingo, 15 de julho de 2012

ZÉ GONZAGA IRMÃO DE LUIZ GONZAGA O REI DO BAIÃO - NÃO DEIXE DE LER A OPINIÃO NO FINAL DA POSTAGEM.

ZÉ GONZAGA UM ARTISTA QUE NÃO DEVIA TER SIDO ESQUECIDO 


O sucesso é mesmo complicado para se entender. Para um, a fama, todas as honras e homenagens, e o relançamento de toda a sua obra, mesmo às vésperas dos catorze anos da sua morte: Luiz Gonzaga. Para outro, embora melhor músico que o irmão, porém com uma voz não tão poderosa, o doloroso esquecimento em vida desde a década de 1970. Falamos de outro Gonzaga bem menos famoso, o Zé. Em 12 de abril de 2004, completaram-se dois anos do seu falecimento. Esquecido e condenado a ter o seu passado musical apagado, pois grande parte do seu acervo está mofando nas prateleiras da EMI, gravadora que comprou a Copacabana. Do restante nem se fala, pois não se sabe onde está. Há preciosos discos de 78 rotações e LPs somente em poder de colecionadores, alguns deles radialistas que fazem dos seus discos troféus para ganhar audiência, embora sejam verdadeiros coveiros culturais. 
José Januário dos Santos, conhecido artisticamente como Zé Gonzaga, nasceu em Exu/PE em 15/01/1921 e faleceu no Rio de Janeiro/RJ em 12/04/2002, aos 81 anos de idade. Era o mais novo dos cinco homens, dos filhos de Januário, pai de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. 

Tal qual o pai Januário, o irmão Severino, a irmã Chiquinha e o irmão Luiz, Zé tinha um enorme talento musical e sem dúvida foi um dos maiores músicos de sanfona deste País, de todos os tempos. Todos tocavam sanfona de oito baixos, mas somente Luiz e Zé a trocaram por outra de 120 baixos. Zé também foi ótimo compositor. Eram lindas suas harmonias e tinha também talento como letrista. Luiz que era um mestre da sanfona considerava-o também o melhor músico da família que, ao todo, tinha sete artistas entre pai, irmãos e irmãs. 

Fugindo da seca do sertão pernambucano, Zé Gonzaga, em 1939 saiu em direção ao sul do País em busca de ajuda dos seus irmãos Joca e Severino que moravam em São Paulo, ou Luiz, no Rio de Janeiro, que não via desde 1930. 

Não achou os irmãos de São Paulo, escreveu para a mãe, D. Santana, pedindo o endereço de Luiz no Rio de Janeiro. E foi assim que numa manhã de março de 1940, numa pensão situada na Rua São Frederico, 14, no Morro de São Carlos no Rio de Janeiro, Luiz Gonzaga foi acordado antes da hora por D. Tereza, uma portuguesa, dona da pensão que lhe disse: - Gonzaga, acorda que cá está um gajo a dizer que é teu irmão. Gonzaga que ainda vivia no mangue tocando em praça pública para sobreviver, respondeu: 

- Oxente D. Tereza, que diabo é isso? 

Aí, tropeçando de sono foi até a porta, reclamando, e deu de cara com um rapaz moreno de olhos azuis iguais ao da sua mãe. Disse José, com quem Luiz sempre teve uma relação de amor e ódio, que ao aparecer aquele negão, de cara redonda, perguntou: 

- Você é que é Luiz Gonzaga? 

Eu sou José seu irmão, ao que Luiz respondeu: 

- E você veio fazer o quê aqui, seu moleque safado que eu não mandei chamar ninguém porque eu estou pior que vocês? 

– Eu vim praqui porque tá uma seca danada lá no Sertão e mãe mandou dizer pra tu dar um jeito de ajudar a gente. 

De imediato, a ajuda de Luiz foi comprar um colchão para o irmão e pagar pra ele as despesas de hospedagem da pensão. Zé então com 19 anos passou a ajudar o irmão carregando-lhe a sanfona até o Mangue e a passar o pires no recolhimento das gorjetas. Depois com o passar do tempo e tendo Luiz Gonzaga ficado famoso, deu-lhe uma sanfona, o incentivo e abriu os espaços para o novo artista.
 


José, que era exímio sanfoneiro, fez carreira à sombra do irmão, tendo adotado, a pedido deste, o nome artístico Zé Gonzaga. Depois do empurrão do irmão à sua carreira, venceu pelo seu próprio talento. Casou-se, e durante algum tempo Luiz morou com o irmão e a sua esposa Clara. No final da década de 1940, Zé Gonzaga já tocava na Rádio Guanabara e em 1949 gravou o seu primeiro disco de 78 rotações pela Star, o qual continha os choros, Teimoso, de Zé Gonzaga e Vira o Outro Lado, de Cipó. 

Em 1950 mudou de gravadora e na Odeon gravou o calango Ai Sanfona, de sua autoria e Jeová Rodrigues e a rancheira Bate Sola, da mesma dupla. Em 1951 gravou a batucada Bebida Não Mata Ninguém, de Kid Pepe e Arlindo Caldas e também o xote O Forró de Quelemente, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Em 1951 fez a música Viva o Rei, em parceria com Zé Amâncio, uma homenagem a seu irmão Luiz que tinha sofrido grave acidente de carro, a qual foi gravada pelos dois, fazendo mais sucesso na voz de Luiz. Em 1956 fez enorme sucesso com O Cheiro da Carolina, de sua autoria e Amorim Roxo. Em 1957 formou um conjunto próprio com o qual passou a se apresentar e a gravar por um determinado período. Chegou a gravar um disco somente composto de tangos, gênero musical que executava muito bem na sanfona pela gravadora Phonodisc. Tal qual um cowboy americano, Zé Gonzaga se apresentava todo de preto, porém com chapéu à moda de cangaceiro de Lampião. Usava também lenço no pescoço, cartucheira e revólver. 
 

Zé Gonzaga deixou um legado de inúmeros discos de 78 rotações e 12 LPs gravados entre as décadas de 1940 e 1960. 

Seus maiores sucessos foram: Chorei Sim(1962), O Sertanejo(1963), Vendedor de Camarão(1962, música que contém uma deliciosa prosa), As Coisas Boas Que Eu Tenho(1962), Roseira do Norte(sua e de Pedro Sertanejo, gravada por Oswaldinho e Sivuca), Pisa na Fulô(1957), Barba de Bode(1958), Sanfoninha de Oito Baixos(1958), Baile da Tartaruga(1963), Estrada da Vida(S/D), O Cheiro da Carolina(1956), Viva o Rei(1951), Bebida Não Mata Ninguém(1951), Madalena(1953), Pensando Nela(1963), Não Corto Nem Penteio(1963), Recordando Januário(1963), Sanfoneiro Gordo(1964), Estrada Velha da Pavuna(1964),Vida de Cigano(1964), Margarida(1963), Ninon(S/D), Galope à Beira Mar(S/D), Januário Criou Fama(S/D), Encontro com Lampião(S/D), Gamação(S/D) e Areia do Mar(S/D). 

Pelas andanças no Recife teve contato com o frevo e gravou de forma magistral o frevo mais conhecido do carnaval de Pernambuco, Vassourinhas. Também compôs belos frevos como Pernambuquinha(1960), Frevinho na Roça(1959) e Vai que é Mole(1963). Gravou também a famosa marchinha carnavalesca dos Irmãos Valença, de Pernambuco, chamada Você Não Gosta de Mim(1962). Apesar de ter a voz nasalada como o irmão Luiz, Zé era um cantor muito afinado, mas o seu sucesso mesmo vinha do seu instrumento: com a sanfona fazia o que bem queria e com ela gravou verdadeiras obras primas: O xamego Aperriado, o forró Recordando Januário, o frevo Vassourinhas, o xote Xote das Mulheres, o baião Fim de Mundo, o forró Segura Ele, o baião Luizinho Dançando, o frevo Frevinho na Roça e o choro Estrada Velha da Pavuna. 

Em agosto de 1952 Zé Gonzaga participou da famosa excursão de Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, à Paris para se apresentar no castelo de Coberville, fato que lhe rendeu outra briga homérica com o irmão porque Zé foi em seu lugar, pois Luiz havia brigado com Chateaubriand. Na França fez tanto sucesso que por lá permaneceu até o final de 1952, tendo feito show até no elegante cassino de Deauville.


Começou cantando em programas de calouros. Em 1948, já no Rio a convite do irmão, foi conttratado pela Rádio Guanabara. Alavancado pela enorme popularidade do irmão, então já muito famoso, gravou em 1949 pela Star o seu primeiro disco, interpretando ao acordeom os choros "Teimoso" de Zé Januário Gonzaga e "Vira o outro lado" de Cipó. Em 1950 gravou pela Odeon o calango "Ai sanfona" de Jeová Rodrigues e José Januário e a rancheira "Bate sola" de Jeová Rodrigues e José Januário. No mesmo ano, entre outras, gravou o choro "Disco voador" de José Gonçalves e Abelardo Barbosa, o famoso apresentador de Televisão "Chacrinha". Em 1951 gravou a batucada "Bebida não mata ninguém" de Kid Pepe e Arlindo Caldas, o baião "Teimosinho" de Claudionor Cruz e Mário Duarte, o xote "O forró de Quelemente" de Luiz Gonzaga e Zé Dantas e as marchas "Tô doido que chegue!" de Guio de Morais e "Cadilac do papai" de Zé Dantas e Péricles, entre outras. No mesmo ano fez excursão pelo norte do país. Apresentou-se ainda no uruguai e na Argentina. Em 1952 gravou as marchas "Não quero me casar" de sua autoria e Aldemar Paiva e "Eu sei mas não digo" de sua autoria e Zé Amâncio, o baião "Vem cá bichinha" de sua autoria e Humberto Teixeira e a toada "Pombinha estrangeira" de Humberto Teixeira, entre outras composições. Depois da Rádio Guanabara passou a atuar na Rádio globo e depois na Rádio Tupi. Ainda no mesmo ano viajou para a França substituindo o irmão Luiz Gonzaga em excursão promovida por Assis Chateaubriand, onde se apresentou no Cassino Deauville. Em 1953 gravou, entre outras, os baiões "Siri sem moio" dele e Maria de Oliveira e "Madalena" de sua autoria e João do Vale. Nessa época substituiu Luiz Gonzaga no programa "Vesperal das moças", apresentado por Abelardo Barbosa, o Chacrinha, na Rádio Tupi. Em 1954 gravou interpretando ao acordeom o baião "Pagode chinês" e a valsa "Marquesa de Santos", ambas de sua autoria. No mesmo ano passou a gravar na Continental, onde estreou com o xote "Cascatinha" de sua autoria e o galope "Galope à beira-mar" de sua autoria e Zé Praxede. Em 1956 fez grande sucesso com o xote "O cheiro da Carolina", parceria com Amorim Rego. Em 1957 formou um conjunto com o qual passou a se apresentar e a gravar durante um certo período. No mesmo ano, gravou com seu conjunto a polca "Quando a jia canta" dele e Jorge Tavares e o xote "Pisa na fulô" de João do Vale, Ernesto Pires e Silveira Jr. Em 1958 gravou na Copacabana a polca "A fuga da Asa Branca" de sua autoria e Nelson Barbalho e o calango "Peguei-te oito baixos" dele e Menezes Veiga. Em 1959 gravou com seu conjunto o frevo "Frevinho na roça" dele e Zito Borborema e o xote "Prisão do Quelemente" de Carlos Diniz e Silveira Júnior. Em 1960 gravou ainda pela Copacabana a polca "Viva o dono da casa" e o frevo "Pernambuquinha". Em 1962, gravou, entre outras, a composição "Vendedor de camarão" de sua autoria e Menezes Veiga e "As coisas boas que eu tenho" de Irani de Oliveira e Altamiro Carrilho. Em 1963 gravou as polcas "Vai Zabé" de sua autoria e "Pensando nela" feita em parceria com Menezes Veiga e Antônio Vasconcelos. Gravou diversos LPs, entre os quais, "Pedacinho do Nordeste", pela Copacabana, "Zé Gonzaga", pela Beverly, e "Tangos", pela Phonodisc. 

VEJA FOTOS DA ARTISTA FAMÍLIA JANUÁRIO (GONZAGA) FOTOS RETIRADAS DA INTERNET.
DONA SANTANA E SEU JANUÁRIO
SEU JANUÁRIO E SEU OITO BAIXOS
FAMÍLIA JANUÁRIO
OS 07 GONZAGAS: ALOÍSIO, SOCORRO, LUIZ GONZAGA, SEU JANUÁRIO, SEVERINO JANUÁRIO, ZÉ GONZAGA E CHIQUINHA GONZAGA.
IRMÃOS DE LUIZ GONZAGA: DONA MUNIZ, ZÉ GONZAGA, DONA GENI, JOQUINHA GONZAGA(filho de dona muniz) E CHIQUINHA GONZAGA.

OPINIÃO: Como esta escrito no inicio, "ZÉ GONZAGA UM ARTISTA QUE NÃO DEVIA TER SIDO ESQUECIDO " esse cidadão foi um grande artista, um grande amante da cultura nordestina. Assim como seu pais e seus irmãos, dentre eles Luiz Gonzaga, ele foi um grande acordeonista, compositor e cantor. Que seja feita justiça a esse grande Brasileiro, não deixe de postar comentários, de acessar outros sites e ouvir e ler sobre esse artista.

4 comentários:

  1. Parabéns por redescobrir o Zé Gonzaga. Temos que preservar nossa memória mesmo. Não faltou dizer que ele gravou o "Baile da Tartaruga? Essa é uma das músicas que povoam a memória de muitos que a ouviram na infância aqui em S.Paulo. Ouvi muito nos programas do Zé Bétio.

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  2. manoel albino radialista e colecionador de luiz-ze gonzaga-ciquinha-severinno-gerson filho-pedro sofoneiro-jackon do pandeiro-ary lobo-so de luiz gonza tenho mais de 800 musica.parabens pela biografia de ze gonzaga

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  3. Òtima Biografia de ZÈ GONZAGA , parabéns por essa maravilhosa História !!!

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  4. Excelente texto contando a vida desse grande músico brasileiro. Um dos maiores que já ouvi. Tenho Zé Gonzaga no aplicativo Deezer e vez por outra ouça parte de sua coletânia.

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